quarta-feira, 11 de julho de 2007

Jogo Versus Estrelinhas


Em teatro, existe um termo muito utilizado por nós chamado Jogo.

Certamente muitos de vocês já deve ao menos ter ouvido falar no tal "jogo cênico". Alguns autores, como Beckett se valem do jogo excessivamente. Mas vamos lá, o que é o Jogo?


Ora, se nós entendemos que os atores assumem personagens, precisamos entender o que eles farão com esses personagens. Bem, eles jogarão. O jogo é quando um ato ou palavra minha desencadeia em você alguma sensação. Sob essa sensação você re-age sobre mim, provocando em minha outra sensação, e por aí vai. Nessa interação entre as personagens temos uma espécie de bate-bola de energia. Um tipo de "Altinha", onde os participantes se esforçam para manter o máximo de tempo possivel a bola no ar, através da sintonia que se estabelece entre eles. Um jogo que se joga junto, um a favor do outro.


Algumas muitas pessoas - que o Stanichatolavsky chamava de exibicionistas - jamais entendem isso. O jogo para eles é uma espécie de disputa. Uma disputa para ver quem "brilha" mais. Quem desbanca o outro em cena. Que energia pode sair daí? Que cena pode sair daí? E o jogo vai pra onde? Tsc,Tsc,Tsc... estrelinhas da cena carioca...ai de vós...



São, hoje no Rio de Janeiro, rarissimos os atores que eu conheço com compreensão disso. Pouquissimos atores que realmente entendem o que é o teatro, e que realmente o praticam. Lembrem-se queridos, o teatro é um Ritual. Como uma missa, onde devemos alcançar a comunhão. E não usar a cabeça dos coleguinhas como trampolim, para mergulhar mais profundamente no lago do inferno.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Drácula era Romeno.


E lá fui eu subindo o Cosme Velho em busca do consulado da Romênia. Precisava do contato dos direitos autorais de certo autor.
“Pô, puta casarão!”
Bonitinha, com uma porta bem maciça, de maçaneta q não girava e três belas câmeras me olhando de pontos estratégicos para captar o meu belo rostinho de todos os ângulos.
“Hum. A maçaneta não gira... claro isso aqui é um consulado não uma casa de cultura.”
A coisa das câmeras começou a fazer sentido.
Dei um olhar confiante para as câmeras, me dirigi ao interfone e solenemente apertei o maldito botão azul.
O bom e velho sotaque romeno, da Mona Lazar. Aliás, a voz era parecidíssima com a da Mona. Será q a Mona tem um bico no consulado?
Enfim:
“Alô!”
“Oi, bom dia. Meu nome é Marcelo e eu trabalho com produção. Estou produzindo uma peça de teatro de um conhecido autor Romeno e queria saber se...”
“Sinto muito, nós nhão temos essa inforrrmação - nhão podemos ajudarrr.”
“Mas poxa, será que não poderiam me informar algum lugar onde eu pudesse pesquisar...”
“Na interrrrnet. Procura na interrnet!”
“Não, é que eu queria”
“Na interrnet!” click

Parvo. É como fiquei, desde que parei de ter aula com a Mona não me relacionava com romenos. São de uma delicadeza incrível! Eu nem sequer consegui dizer que queria entrar em contato com os detentores do direito autoral do cara.

Acho mesmo que ser desconfiado é característica desse povo, afinal os ciganos vieram de lá. Mas pô, eu não tenho cara de nazista, nem de terrorista. Além do mais, quem tem uma mansão com um puta sistema de seguranças são eles. Custava ter tido um pouco mais de gentileza?

Aí a gente entende porque o autor que eu procuro se mudou pra França e se naturalizou francês.